E-Commerce e Logística

Yarley Soares

Yarley Soares

08 de junho de 2021

E-Commerce e Logística: um novo momento

A pandemia do novo coronavírus trouxe transformações para todos os mercados no mundo, sem exceções. O consumidor passou a ter um novo comportamento e, com isso, tanto e-commerce quanto logística precisaram se reinventar.

Segundo um relatório apresentado pela Mastercard SpendingPulse, o mercado de e-commerce, no Brasil, cresceu 75% em 2020, quando comparado com o mesmo ano de 2019.

Este crescimento se deu, obviamente, pelas medidas de isolamento social sugeridas pelos governos estaduais e municipais, em todo o Brasil, para desacelerar a propagação do vírus em nosso país.

Com isso, o comportamento do consumidor se transformou e o e-commerce se tornou um dos principais canais de aquisição dos mais variados produtos, desde as necessidades básicas até itens mais supérfluos.

Por conta desse crescimento, outro mercado fortemente impactado foi o de logística, afinal, se um e-commerce vende, os produtos precisam ser entregues ao consumidor final, trabalho das empresas de transporte.

O objetivo deste artigo é apresentar a você esse novo cenário que se formou, tanto para o mercado de e-commerce quanto para a logística. Em ambos os segmentos, as transformações foram aceleradas em um ritmo surreal.

Efeitos da pandemia no mercado de e-commerce

É importante que a avaliação sobre esse novo cenário seja feita de forma linear e sequencial, portanto, o e-commerce foi o primeiro impactado. Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde classificou a situação como pandêmica.

Com isso, os governos estaduais e municipais, no Brasil, seguiram uma tendência mundial e implantaram políticas de isolamento social, o que ficou conhecido, popularmente, como lockdown.

Comércios foram fechados e a circulação de pessoas na rua foi limitada às atividades essenciais para a sobrevivência humana, como hospitais e supermercados, porém, com algumas restrições.

Desta forma, o consumidor se viu em uma situação nunca antes vivida, onde a aquisição de produtos, além de comida, estava dificultada com o comércio fechado por completo.

A solução para isso? E-commerce. Nos primeiros meses de pandemia, os dados de faturamento das lojas virtuais no Brasil dispararam, o público estava consumindo cada vez mais através dos canais digitais.

E-commerce em destaque, logística impactada

Logicamente, com o boom vivido pelo mercado de e-commerce, que estava trabalhando com uma grande demanda de compra de produtos pela internet, a logística precisou de adaptações para realizar o seu trabalho.

Entretanto, a adaptação não foi tão fácil e a prova disso é o relatório divulgado pelo Procon de São Paulo, que registrou um aumento das reclamações relacionadas a e-commerce em 208%.

Grande parte das reclamações eram feitas por conta de demoras na entrega dos produtos. Este caos é compreensível, haja vista que quase todos os impactos da pandemia pegaram os nichos de mercados surpresos.

Para contornar a situação, as empresas de logística precisaram se reinventar e nós vamos falar sobre o que foi feito durante esse tempo para que os clientes fossem melhor atendidos e os problemas de entrega fossem solucionados.

Um novo comportamento de compra do consumidor

O crescimento de procura pelas compras on-line foi percebido, porém, o grande fator influenciador foi o novo comportamento de compra do consumidor em, basicamente, todos os segmentos de mercado.

Até para pedir um lanche, os canais digitais passaram a ser o meio principal de aquisição. Aplicativos de delivery e de catálogo de restaurantes passaram a fazer parte da rotina de grande parte das pessoas.

Aquisição de roupas, acessórios e outros produtos passaram a ser uma prioridade da internet, o mercado local foi enfraquecido pela pandemia.

Quem já comprava em e-commerce, intensificou as suas aquisições, já aqueles que nunca haviam comprado, passaram a fazer pedidos on-line, inclusive o público mais velho, que não era tão adepto às compras digitais.

A confiança do consumidor aumentou, e muito, devido às suas necessidades, que não poderiam ser supridas pelos negócios locais, pois estes estavam fechados durante boa parte do tempo.

Este comportamento também está associado à comodidade e é exatamente por isso que não há previsão de desaceleração do mercado de e-commerce e, consequentemente da logística. As pessoas priorizam o que é mais fácil.

Setores e e-commerces mais favorecidos pela pandemia

O mercado de e-commerce cresceu como um todo, principalmente em 2020, porém, alguns segmentos de mercado tiveram uma verdadeira explosão no seu volume de vendas.

Os dados foram divulgados pelo Relatório E-commerce no Brasil, que comparou o mês de março de 2021 com o mesmo mês do ano anterior, 2020, mês que se iniciou a pandemia.

Segmentos com maior crescimento

Em primeiro lugar, temos o segmento de importados, que obteve um crescimento de 91,72%. Em segundo está o segmento Pet, com 88,04% de crescimento. Ambos os nichos quase dobraram o seu faturamento em 1 ano.

A lista do top 10 segue com:

  • Casa & Móveis: +86,62%;
  • Farmácia & Saúde: +65,22%;
  • Moda & Acessórios: +63,18%;
  • Comidas & Bebidas: +57,42%;
  • Varejo: +42,59%;
  • Joias & Relógios: +39,60%;
  • Esportes: +22,98%;
  • Educação, Livros & Papelaria: +20,24%.

Entre os nichos de mercado pesquisados, o único que apresentou retrocesso no período analisado, de forma justificada, foi o turismo, que regrediu 8,79% em comparação com março de 2020.

Lojas com maior crescimento

Os números dos e-commerces com maior crescimento são ainda mais incríveis e com destaque para os importados. A Shopee apresentou alta de 1.954% e a Shein um crescimento de 530,17%.

A lista completa das 10 primeiras colocações segue com:

  • Menu Dino: +483,93%;
  • Alfa Concursos: +384,21%;
  • Hurb: +359,32%;
  • Zema: +262,75%;
  • DrogaRaia: +261,16%;
  • Direção Concursos: +237,06%;
  • Cacau Show: +219,33%;
  • Drogasil: +173,34%.

Em suma, os e-commerces com maior crescimento apresentaram mais do que o dobro do seu faturamento em março de 2020, o que gerou um boom, também, na logística, que teria muito mais dificuldade para completar as entregas.

Tendências para a logística de e-commerce no cenário pós-pandemia

Se a exigência dos consumidores, antes da pandemia, já era alta, por preços e prazos menores, com a crise e o crescimento do mercado de e-commerce, se tornou muito maior.

Prazos menores e custos menores

As empresas de e-commerce precisarão optar por opções mais variadas de logística. Uma excelente alternativa são os marketplaces, que trabalham com uma grande variedade de fornecedores.

Entretanto, o custo nem sempre será o principal fator decisório para o consumidor final. Prazos mais curtos se mostram ainda mais atrativos para os clientes.

A alta demanda durante a pandemia fez as lojas maiores optarem por opções de frete que envolvessem retirada na loja e pequenos estoques nas suas unidades. Com isso, aumentou a demanda por retirada em até 24h.

Para alcançar o seu objetivo de frete mais rápido, o cliente está disposto a pagar um pouco a mais e optar por métodos alternativos, que vão além do mais comum, que é o serviço dos correios.

Compartilhamento de CDs

Um dos movimentos do mercado de logística na melhoria de entrega dos serviços e otimização dos custos foi o compartilhamento de centros de distribuições.

Visando reduzir o espaço ocioso no centro de distribuição de algumas transportadoras e otimizar o custo de outras que superlotaram os seus CDs, diversas empresas optaram pelo compartilhamento dos barracões.

Assim, ficou mais fácil manusear as mercadorias, otimizar os tempos de entrega e proporcionar opções mais fáceis e mais baratas para os consumidores finais, que não estão se importando com o processo, mas sim com o prazo e o custo.

Retirada na loja

Esta alternativa se mostrou um ganho para o cliente final, porém, uma necessidade de um gerenciamento ainda mais preciso com relação a estoque entre e-commerce e lojas físicas.

Grandes players, como o Magazineluiza, optaram por este modelo de entrega visando agilizar a retirada do cliente e desafogar a parte logística das suas lojas virtuais.

Dessa forma, pequenos estoques foram formados em mais de 700 unidades espalhadas pelo Brasil, facilitando o deslocamento das mercadorias e agilizando a entrega ao cliente final.

O crescimento que vai se manter

Com um consumidor mais acomodado e mais exigente, a tendência do mercado é de o comportamento se manter como está hoje, durante a crise do novo coronavírus.

Isso porque as pessoas querem, cada vez mais, a comodidade ao invés do esforço despendido para a aquisição de produtos em lojas físicas.

Apesar de alguns mercados, como o de alimentos, terem diminuído o seu crescimento com relação a 2020, outros nichos só crescem, como foi o caso de Pets e Importados, segundo a pesquisa previamente descrita.

Portanto, as transformações implementadas, principalmente no setor logístico, tendem a se manter e perdurarem por um bom tempo, até que novos hábitos sejam adquiridos pelos consumidores.

O que não se transformou em anos, aconteceu em meses por conta das necessidades da pandemia. Entretanto, estas transformações foram benéficas para o mercado e ficarão como uma espécie de legado para os próximos anos.

Conclusão

As mudanças aconteceram e já estão em prática. Tanto e-commerce quanto logística estão com novidades para os consumidores, porém, a um custo que ainda está sendo pago pelas empresas.

A implantação das melhorias, de modo geral, gerou custos altos para todos os envolvidos (com exceção do consumidor), porém, com o crescimento da demanda, estes custos devem ser supridos em pouco tempo.

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