Lucas Knauft
13 de junho de 2025
O mundo da busca online está mudando, e o Google está na linha de frente dessa transformação com o seu novo AI Mode. Essa ferramenta promete revolucionar a forma como interagimos com as informações na internet, oferecendo uma experiência mais conversacional e inteligente. Mas o que isso significa? E quando essa novidade deve chegar no Brasil?
Imagine uma busca que não te dá apenas uma lista de links, mas uma conversa. É isso que o Google AI Mode propõe. Ele é uma nova aba dentro da Busca do Google, feita para perguntas mais complexas, que exigem uma pesquisa mais aprofundada ou comparações. Em vez de você ter que abrir várias páginas e juntar as informações, o AI Mode faz isso por você, entregando respostas completas e diretas.
A tecnologia por trás disso é bem avançada. O AI Mode usa uma técnica de “expansão de consulta“, que faz várias buscas ao mesmo tempo sobre diferentes partes da sua pergunta. Depois, ele junta tudo para te dar uma resposta completa. Ele também entende o que você fala, escreve e até o que você mostra em imagens, e permite que você continue a conversa com perguntas de acompanhamento, como se estivesse batendo um papo com um assistente inteligente. Tudo isso é possível graças a uma versão especial do Gemini, o modelo de IA do Google, que consegue raciocinar e pensar em várias etapas.
Com tantas ferramentas de IA do Google, é normal ficar confuso. Vamos simplificar:
Para deixar ainda mais claro, veja a tabela abaixo:
Característica | AI Mode | AI Overviews | Gemini (LLM/Chatbot) |
---|---|---|---|
Propósito Principal | Exploração conversacional e aprofundada | Resumos rápidos (snapshots) | Modelo de IA fundamental / Chatbot |
Interface | Aba dedicada / Estilo chat | Integrado à página de resultados de busca | Aplicativo autônomo / Interface web |
Complexidade da Consulta | Alta (várias partes, raciocínio, comparação) | Moderada (fatos, visão geral) | Alta (conversacional, criativa) |
Disponibilidade Atual | Apenas EUA (Inglês) | 200+ países, 40+ idiomas (incluindo Brasil) | 200+ países, 40+ idiomas (incluindo Brasil) |
A chegada do AI Mode, assim como a expansão dos AI Overviews, traz grandes mudanças para quem trabalha com marketing digital e criação de conteúdo. O objetivo do Google é que o usuário encontre a resposta direto na página de busca, sem precisar clicar em outros sites. Isso é o que chamamos de “buscas de clique zero”.
Estudos já mostram que os AI Overviews podem reduzir o tráfego pago orgânico. Uma análise da Ahrefs, por exemplo, revelou que o primeiro link orgânico perde, em média, 34,5% dos cliques quando os AI Overviews aparecem. Alguns sites de conteúdo educacional chegaram a ver quedas de 40% ou mais, segundo relatos de criadores de conteúdo.
Para o SEO, as regras não mudam completamente, mas o foco se ajusta. Seu conteúdo precisa ser muito bom, exclusivo, focado no usuário e rico em informações para que a IA do Google o cite. É importante ter autoridade no assunto, construir a presença da sua marca em todos os lugares da internet e criar conteúdo que realmente se destaque, usando dados próprios ou informações que ninguém mais tem. Além disso, como o AI Mode entende texto, imagens e vídeos, é importante otimizar todos esses formatos, com descrições claras para imagens e transcrições para vídeos.
A monetização para quem produz conteúdo também é um desafio. Menos cliques significam menos receita de anúncios. Analistas do setor estimam que a receita por mil impressões (RPM) dos editores pode cair de 30% a 50% para buscas que ativam respostas de IA, o que pode gerar uma queda geral de receita de 15% a 25% nos próximos 12 a 18 meses para quem depende muito de anúncios. Muitos editores reclamam que o Google usa seu conteúdo “à força”, sem permissão ou pagamento, o que tem levado a pedidos de regulamentação.
Por outro lado, ser citado como “a fonte definitiva” pela IA pode ser uma grande oportunidade para as marcas. O Google está testando incluir anúncios diretamente nas respostas do AI Mode, o que pode abrir novas formas de monetização para a empresa, mas o impacto para os editores ainda é incerto.
O Brasil não é novidade para o Google quando o assunto é IA. O país já tem uma presença forte de ferramentas de inteligência artificial do Google:
Além disso, o Google tem feito investimentos estratégicos no Brasil, como oferecer o Gemini AI Pro de graça para estudantes até o final de 2026, treinar 3 milhões de pequenas e médias empresas com o Sebrae, e capacitar 1 milhão de brasileiros em IA e nuvem. A empresa também está desenvolvendo uma Cátedra de IA na USP e um modelo de IA em português baseado no Gemma 3, mostrando um compromisso em adaptar a IA para as necessidades locais.
A infraestrutura digital do Brasil também está se preparando. O país está se tornando um grande centro de data centers na América Latina, com bilhões de reais em investimentos previstos. Quase 90% da eletricidade brasileira vem de fontes renováveis, o que é um atrativo para as grandes empresas de tecnologia. O governo brasileiro também está incentivando o desenvolvimento de data centers, com propostas de isenções fiscais para equipamentos de IA.
O Brasil está avançado na criação de uma lei para a inteligência artificial (PL 2338/23), que já foi aprovada pelo Senado e está em revisão na Câmara dos Deputados, com votação prevista para o final de 2025. Essa lei busca equilibrar a inovação com a proteção de direitos, exigindo transparência nos dados de treinamento de IA, proibindo armas autônomas e restringindo o reconhecimento facial em locais públicos. Ela também prevê multas pesadas para quem não cumprir as regras, de até R$ 50 milhões por infração ou 2% da receita da empresa no Brasil.
Além disso, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) já está em vigor desde 2018, protegendo os dados pessoais dos brasileiros. Um estudo da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) do Brasil já destacou que sistemas de IA generativa, que usam dados da internet (muitas vezes com informações pessoais), precisam seguir os princípios da LGPD. Isso significa que o Google terá que garantir que o AI Mode seja transparente e seguro com os dados dos usuários.
Organizações de mídia brasileiras têm pressionado o Google, pedindo uma investigação ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para saber se o Google está abusando de sua posição dominante ao mostrar conteúdo jornalístico sem pagar por ele. As acusações incluem “autopreferência” (priorizar as próprias respostas do Google) e “roubo” de conteúdo, o que tem causado grandes perdas de tráfego pago e receita para os editores.
A chegada do Google AI Mode ao Brasil não é uma questão de “se”, mas de “quando”. Vários fatores vão influenciar esse cronograma:
É provável que o Google adote uma estratégia de “lançamento suave” ou incremental no Brasil, introduzindo gradualmente elementos do AI Mode em ferramentas já existentes, antes de lançar uma aba completa na Busca. Isso permite que a empresa avalie a resposta dos usuários, refine as funcionalidades para o contexto local e lide com os desafios regulatórios de forma mais sutil.
Para empresas e criadores de conteúdo no Brasil, a adaptação é fundamental. Aqui estão algumas recomendações:
A jornada do cliente está se transformando, e as empresas precisam estar prontas para essa nova era. O SEO tradicional ainda é importante, mas a “otimização para IA” será cada vez mais crucial. Isso significa pensar em como seu conteúdo pode ser útil não só para pessoas, mas também para os sistemas automatizados que o Google está desenvolvendo.
Entender essa mudança é vital para o seu growth. A capacidade de se adaptar rapidamente a essas novas tecnologias pode ser a diferença entre o sucesso e a estagnação. O CAC (Custo de Aquisição de Clientes) e o funil de vendas serão impactados, e um bom plano de marketing precisará considerar essas novas dinâmicas.
O customer success e o relacionamento com o cliente também serão influenciados, já que a forma como os consumidores interagem com as marcas na busca mudará. É um momento de grandes desafios, mas também de muitas oportunidades para quem estiver preparado.
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