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Antônio Gargioni

Antônio Gargioni

10 de julho de 2023

Qual foi a estratégia da Sony para ser uma gigante da tecnologia mundial

Hoje, a Sony é uma das maiores empresas do mundo. Entenda qual foi a estratégia da marca japonesa que se consolidou pela qualidade e inovação em seus produtos e hoje desfruta da sua reputação. 

Mas nem sempre foi assim. A história da Sony é a história do Japão pós-Segunda Guerra Mundial. Ou seja, há muita determinação, trabalho duro e ideias inovadoras. 

Nesse artigo, iremos conhecer mais sobre como essa empresa de Minato, em Tóquio, se transformou na potência que é hoje. Mas para isso, precisamos voltar para o final da Segunda Guerra. 

O começo da Sony 

Era março de 1945. A Segunda Guerra Mundial estava a todo vapor e os bombardeios das tropas aliadas haviam despedaçado o Japão. O bombardeio em Tóquio foi tão devastador que colocou o exército japonês, conhecido pela sua coragem ancestral, que vem desde os famosos samurais, em estado de pânico. 

Isso fez com que reforços especiais fossem chamados. Essa situação atípica uniu duas figuras excepcionais. Akio Morita, um especialista em armas, e Masaru Ibuka, um sargento da marinha japonesa. Eles não sabiam na época, mas a parceria firmada pelos dois se tornaria o que hoje conhecemos como a Sony. 

Você sabia que a Sony já teve outro nome? 

Quando a Segunda Guerra Mundial terminou, levou com ela as carreiras militares de Morita e Ibuka. O Japão mergulhou em uma fase sombria, com alguns dos piores índices de desemprego da sua história. Sendo assim, a dupla precisava encontrar formas de garantir um sustento de qualquer maneira. 

Dessa forma, em 1946, Ibuka começou a trabalhar em uma pequena oficina na loja Shirokiya. Seu trabalho era consertar rádios. Em outubro, ele se uniu com o seu time para formar a Tokyo Tsushin Kenkyujo. A empresa também ficou conhecida como Totsuken, ou apenas TTK

Os conversores como primeira estratégia da Sony

Como acontece com todo novo negócio, Ibuka e seu time começaram a buscar um nicho de mercado. Uma oportunidade que mais ninguém tinha percebido. Essa oportunidade apareceu quando eles perceberam que havia uma forte demanda no mercado por adaptadores, ou como eles chamavam, conversores

A informação móvel havia praticamente deixado de existir no Japão durante a guerra. Enquanto alguns rádios haviam sido danificados pelo caos que se instalou, outros haviam sido desconectados das ondas de rádio. 

Isso foi uma estratégia utilizada pelo Império Japonês para evitar que a população tivesse acesso à propaganda inimiga. Dessa forma, os japoneses estivessem sedentos por informação com o final da guerra. 

E Ibuka viu isso como uma oportunidade de ouro. Sua equipe criou um conversor que dava a rádios normais, acesso às ondas que estavam sendo transmitidas

Dessa forma, as pessoas poderiam sintonizar em qualquer estação que quisessem ouvir normalmente. Conforme os conversores passaram a ganhar popularidade, a empresa chegou a uma coluna prestigiada de um jornal local. 

Ali, Akio Morita leu sobre seu antigo parceiro, Ibuka, e ficou impressionado. Isso fez com que ele entrasse em contato com seu ex-colega de exército e os dois formaram uma parceria em maio de 1946. 

Mas não se iluda: tudo o que eles tinham eram $500 dólares em capital emprestado e um desejo de conquistar o mundo dos eletrônicos. Porém, como o tempo provou, isso foi o suficiente. 

O primeiro grande fracasso da Sony 

Caso você esteja pensando que a partir do momento em que Ibuka e Morita firmaram sua parceria, a TTK cresceu para se tornar a Sony, você precisa ir com calma. A jornada da Sony é, antes de tudo, inesperada. O primeiro produto oficial da marca foi uma panela de fazer arroz. Sim, você não leu errado, é isso mesmo. E foi um fracasso enorme. 

A ideia por trás do produto, que pode parecer absurda, veio com os danos que a guerra deixou no Japão. Como o dinheiro permanecia curto, algumas pessoas compravam os rádios com conversores utilizando dinheiro. Porém, outras ofereciam arroz. 

Sendo assim, a dupla teve uma ideia: eles iriam ajudar seus clientes a cozinhar arroz com a eletricidade. Adicionar eletrodos de alumínio em uma panela de madeira parecia funcionar, até que isso começou a estragar o arroz. Ou deixava cru, ou passava do ponto. 

O primeiro produto da Sony foi oficialmente um fracasso. A panela elétrica gerou apenas $300 dólares de lucro e a TTK viu apenas $7 mil dólares de faturamento no seu primeiro ano. 

O próximo produto da TTK foi uma almofada aquecida. Outro fracasso colossal. A futura gigante ainda não tinha conseguido encontrar algo que conversasse com o público e pudesse ser entregue. 

Isso ensinou uma importante lição: entender as necessidades do consumidor enquanto utiliza designs únicos e inovadores. Isso tudo com um capital extremamente limitado. 

No seu começo, a TTK sofria com pouca mão de obra e uma oficina sem janelas. Mas a capacidade de improvisar da sua dupla fundadora foi essencial para manter a empresa de portas abertas enquanto muitas outras teriam desistido ou simplesmente falido. 

Dessa maneira, essa capacidade não fez apenas com que a empresa sobrevivesse. Isso construiu o alicerce que iria ser o motivo do crescimento no futuro. 

A ideia que colocou a Sony no mapa mundial 

Thomas Edison, considerado o maior inventor estadunidense por muitos, sempre foi muito transparente sobre seus fracassos. Ele dizia que “nunca errei. Eu apenas encontrei 10 mil formas que não funcionaram”. Com Ibuka e Morita, a história não foi muito diferente. 

Os dois tiveram uma série de fracassos, um atrás do outro. Na verdade, Ibuka quase desistiu dos produtos para casas. Morita precisou convencer o colega a continuar inovando, criando e por consequência, conquistando.

Na época, pareceu que as panelas de arroz e as almofadas aquecidas não foram fracassos. Foram apenas exemplos de produtos que não funcionaram no mercado japonês. Ou seja, era uma questão de tentativa e erro até chegar ao acerto. E ele chegou em 1950

O gravador de fita que mudou a história da Sony 

Após os fracassos com produtos para a casa, a dupla resolveu mudar de nicho. Vendo que essa área não estava dando o retorno esperado, Ibuka e Morita resolveram investir em produtos eletrônicos

Em 1949, um novo gravador de fita investido pela Japan Broadcasting Corporation tomou conta do mercado. Apesar dos gravadores ainda não serem populares no Japão, Ibuka olhou para eles e imediatamente teve uma ideia. 

Utilizando a sua capacidade de inovar, a TTK criou dois protótipos de gravadores: 

  • G-Type: utilizado principalmente para propósitos industriais, ele conseguia gravar até 60 minutos de áudio. 
  • A-Type: Criado para o uso doméstico, esse modelo podia gravar até 30 minutos de áudio. 

Quando foram lançados em 1950, a demanda pelo G-type foi grande, pelo fato do aparelho ser visto como uma boa ferramenta de aprendizado. Dito isso, o mercado japonês não era um grande entusiasta de gravadores na época. 

Em resposta a isso, a Ibuka seguiu sua cartilha e inovou de forma estratégica. Devido ao seu passado militar, ele teve acesso a um livro do exército americano. Chamado de “Os 999 usos de um gravador de fitas”. Agindo de maneira brilhante, Ibuka criou uma estratégia de marketing baseada em traduzir o livro e o espalhar

Conforme o público japonês começou a entender os usos de um gravador de áudio, as vendas começaram a decolar. A tradução e divulgação de um simples livreto se provou ser uma estratégia de marketing brilhante. 

E essa estratégia levar a TTK de uma oficina sem janelas para um prédio em Shinagawa. A jornada rumo ao todo havia começado. 

Os transistores como estratégia de crescimento da Sony

Após descobrir sobre a existência do gravador, Ibuka percebeu que precisava ficar atento para inovações no mercado global de eletrônicos. E precisava descobrir novos produtos que pudessem se tornar oportunidades de negócio. 

Isso se provou muito útil novamente em 1952, quando ele descobriu a existência de uma tecnologia chamada transistor. Naquela época, os eletrônicos para o grande público eram compostos por tubos a vácuo

Infelizmente, essa tecnologia, além de ocupar muito espaço, também precisava de muita energia para funcionar. Enquanto um tubo utilizava um watt inteiro, o transistor precisava de um milionésimo de watt para operar. 

Dessa forma, Ibuka percebeu imediatamente a capacidade que a tecnologia possuía. E percebeu também que o futuro da TTK poderia estar ali, caso fosse bem utilizada. 

A tecnologia dos transistores havia sido criada pela Bell Laboratories, mas estava sendo comercializada pela Western Electric. O problema era o preço: $25 dólares. Apesar de não parecer muito hoje, esse valor era convertido em 9 milhões de ienes. Comprar essa tecnologia fez com que a TTK quase fosse a falência. 

Esse era o momento derradeiro para a empresa. Mas capital não era tudo. A tecnologia já estava sendo usada há anos nos Estados Unidos e a dupla de empreendedores japoneses sabia que iria precisar subir o padrão para ser inovadora. 

Os transistores existentes tinham um problema: eles não eram potentes. Isso fez com que Morita se desafiasse para criar uma solução. A saída encontrada foi adicionar fósforo ao germânio do qual o transistor era formado. Isso aumentava consideravelmente a potência do produto. 

Sendo assim, o primeiro rádio com transistor criado no Japão foi lançado ao mercado em 1955. Batizado de TR-55, o rádio era pequeno, portátil e foi um sucesso imediato. 

O rebranding como estratégia da Sony 

Os rádios não eram produtos inovadores nessa época. Uma empresa americana chamada Regency Eletronics já havia lançado um rádio com transistor alguns meses antes. Porém, o produto da Sony era superior em qualidade e principalmente, potência

Para a empresa, isso foi a chave que abriu as portas do ocidente. Morita e Ibuka viajaram para os Estados Unidos para vender seus rádios e expandir seu mercado consumidor. Mas a dupla foi recebida com um impeditivo. 

Os americanos consumiam seus produtos baseados em familiaridade. Sendo assim, uma empresa chamada Tokyo Tsushin Kenkyujo, ou a sua forma reduzida, Totsuken, não tinha o apelo esperado pelos consumidores ianques.

Pelo contrário, era difícil de pronunciar e soava muito distante do que era desejado pelos compradores do país. Isso ocasionou uma queda brusca nas vendas, o que já era temido pela dupla de criadores.

Sony: um novo nome para a TTK 

Sendo assim, eles entenderam que era necessário mudar o nome da empresa para algo mais simples: Sony. O nome veio da palavra latina “Sonus”, que se traduz para “Som”. 

Uma vez que a empresa estava criando rádios, fazia sentido utilizar um nome que já deixava isso bastante evidente. Sony também se aproxima de “Son”, que além de significar filho em inglês (o que deu um tom fraternal para a empresa), significa jovem criativo e inovador em japonês. 

Dessa forma, 1955 também ficou marcado como o ano em que a empresa mudou seu nome para Sony. A nova imagem de marca colocou a Sony no mapa mundial, sendo a catapulta para o sucesso que Ibuka e Morita tanto haviam lutado para conquistar. 

Criando uma boa relação com o público 

O gravador de fitas da Sony foi uma invenção brilhante, mas o mercado japonês ainda não tinha o nível de consciência necessário para o produto. Utilizando um livro que já existia, a empresa melhorou o seu marketing e soube se comunicar com o consumidor final para explicar o que o produto podia fazer. 

Da mesma maneira, o TR-55 era um produto excepcional. Mas não vendia bem nos Estados Unidos devido ao nome complicado da empresa. 

Ibuka e Morita foram rápidos e mudaram o nome para algo que iria criar uma boa relação com o novo público. Dessa forma, a Sony agregou ao seu DNA um branding focado em criar uma conexão genuína com os clientes. Isso foi fundamental para a ascensão da marca. 

A entrada da Sony no mercado de música e TV 

Uma empresa pequena pode se especializar em um produto. Porém, se um negócio tem a ambição de crescer e se tornar uma força no mercado mundial, a história ensina que possuir um portfólio variado é fundamental

Vamos utilizar os exemplos de Apple, Panasonic, Microsoft ou Nestlé. Mesmo sendo de diferentes nichos do mercado, essas empresas se tornaram conglomerados globais, gerando milhões em lucro por minuto. E o que todas têm em comum? Diversidade de produtos

Morita e Ibuka entenderam que precisavam continuar inovando, criando e crescendo. Para encher as próximas três décadas de produtos significativos e colaborações lendárias, a empresa transformou o “Feito no Japão” no que hoje é o “Feito na China”. 

O que isso significa? Que dentro do mercado mundial, quase todos os eletrônicos considerados de qualidade viriam do país do sol nascente. 

O Rádio Pocket da Sony

Uma distribuição limitada nos EUA significou que o TR-55 não estava tendo o sucesso esperado, mesmo após a mudança de nome. Dito isso, isso inspirou uma movimentação da empresa rumo a rádios menores e mais portáveis. 

Sendo assim, a Sony lançou o TR-63 e foi um tiro certeiro. Esses rádios foram vendidos como perfeitos para serem carregados no bolso, muito portáteis e extremamente úteis. 

Como resultado, as pessoas correram para as lojas e o novo rádio se tornou um produto inovador. Vendendo apenas 100 mil unidades em 1955, o rádio passou a vender aproximadamente 5 milhões de unidades ao final de 1968

E sabe qual a parte mais impressionante disso tudo? O TR-63 não cabia na maioria dos bolsos da época, mesmo esse sendo o principal gatilho do marketing ao redor do produto. 

Quando a equipe de marketing da Sony percebeu que o rádio não cabia na maioria dos bolsos, eles customizaram os bolsos da equipe de vendas para que pudessem alinhar as campanhas. Isso gerou muitos resultados e aumentou as vendas

Como a Sony utilizou a mídia como estratégia de crescimento 

Os rádios foram apenas o começo. Logo, os times de pesquisa e desenvolvimento da Sony estavam surpreendendo o mundo todo com seus produtos únicos. 

  • TV8-301: Uma pequena televisão com transistores foi produzida em 1960 e foi considerada mais útil e conveniente do que as típicas televisões da época, que utilizavam a tecnologia dos tubos de vácuo; 
  • Sony Trinitron: As televisões Triniton eram um salto de tecnologia em relação às televisões em preto e branco da época. Elas eram coloridas, brilhantes e tinham altíssima qualidade. Desde o seu lançamento, as televisões da Sony foram um sucesso absoluto. 

Enquanto os consumidores ouviam falar da “Número 1 do Japão”, a clientela da Sony cresceu. O que começou no país do sol nascente havia chego no ocidente e estava lá para ficar. E não apenas ficar, mas para tomar conta do mercado

A entrada da Sony na era da música digital 

Uma vez que a Sony havia se estabelecido no mercado do rádio e televisão, a empresa decidiu entrar para o mundo da música. Para essa nova aventura, eles decidiram se unir à CBS Inc. e fundaram a CBS Sony Records

A nova empresa produzia vinis e lançou o primeiro gravador de vídeo cassete em 1971. Como pioneiros de uma tecnologia tão brilhante, a Sony recebeu um Emmy como homenagem. 

Essa movimentação foi dirigida por Norio Ohga, o mesmo homem que trabalhou para a Ópera japonesa e foi um duro crítico do gravador de áudio da Sony. A dupla de fundadores logo percebeu que queria um homem de pensamento critico ao seu lado. 

Ohga foi um dos responsáveis pelo sucesso futuro da empresa, se tornando presidente da Sony nos anos seguintes. Em 1988, a empresa japonesa comprou todas as ações da CBS Sony Records, tornando-se tornando a única dona. 

Depois de muitas colaborações de sucesso, com cantores como Michael Jackson, não é surpresa que hoje a Sony seja a maior gravadora do mundo. O faturamento da gravadora chega aos $3.2 bilhões de dólares mensais

Gráfico receita do departamento musical da Sony entre os anos de 2008 e 2023. Valor em bilhões de dólares.
Receita do departamento musical da Sony entre os anos de 2008 e 2023. Valor em bilhões de dólares.

A batalha entre Sony e a Panasonic 

A Sony firmou uma parceria com a Matsushita Electric (atualmente conhecida como Panasonic) para criar um formato de videocassete em 1969. Mas por ser um produto caro e não vender como o esperado, as duas empresas se separaram. 

Dito isso, as duas continuaram trabalhando com seus formatos. O resultado? Uma das maiores batalhas para decidir formatos já vistos. A Sony criou, em 1975, o Betamax. Um produto de qualidade superior que conseguia gravar até uma hora de conteúdo. Apesar de ser o melhor produto no mercado, o Betamax não foi páreo para o VHS, formato criado pela Matsushita

O VHS era mais barato e se beneficiou da boa vontade da clientela gigantesca da empresa. Isso fez com que o formato se tornasse imensamente lucrativo. Porém, mais uma vez, a Sony aplicou as suas habilidades de observar o mercado. Vendo o sucesso que o VHS estava fazendo, a empresa criou o gravador de VHS como resposta. 

Como o Walkman se tornou o produto mais vendido da Sony

Se você achou que a década de pesquisas e inovações da Sony havia terminado, você pensou errado. A companhia não se limitou a continuar apenas produzindo os seus produtos tradicionais. 

Os pensadores da Sony estavam sempre trabalhando, mesmo quando não tinham a intenção de inovar. O melhor exemplo disso é o Walkman. Um tocador de fitas portátil que se tornou um dos produtos mais populares de todos os tempos. 

A ideia nasceu com Norio Ohga, que simplesmente queria poder ouvir música enquanto caminhava. A ideia foi como uma faísca e assim nasceu o tocador de fita que cabia no bolso e vinha acompanhado de fones de ouvido com altíssima qualidade. 

Como os fones já estavam sendo produzidos, a ideia precisou de apenas cinco meses para sair do papel. Em primeiro de julho de 1979, a Sony lançou o Walkman, que vendeu 385 milhões de unidades. Por ser um produto sem precedentes, o Walkman foi um fenômeno. Isso tudo custando $150 dólares, um preço bastante alto para a época. 

Mais tarde, a Sony se uniu a Philips para criar o disco compacto (CD) e inventar o tocador de CD em 1982. Isso foi o marco da passagem da música para o digital. 

Como a Sony entrou no mundo dos filmes 

Se você é fã de cinema, é impossível nunca ter cruzado com um dos filmes produzidos pela Sony. Isso se deve pela diversificação de mercado que a empresa fez no final dos anos 80. 

Em 1989, a Sony comprou a Columbia Pictures Entertainment por $3.4 bilhões de dólares. Foi um movimento ousado se levarmos em consideração que a Columbia vinha com $1 bilhão de dólares em dívidas

Apesar disso, a decisão permitiu que a Sony tivesse acesso a uma vasta biblioteca de filmes. Além disso, a empresa japonesa também adquiriu uma fortaleza no mercado do entretenimento americano, uma vez que a Columbia era uma referência da área. 

Com o tempo, a decisão se mostrou acertada. A Sony produziu filmes como 007: Operação Skyfall, O Código Da Vinci e os cinco filmes do Homem Aranha antes de ceder o personagem de volta para a Marvel

Caso queira saber mais sobre como a Marvel se tornou uma potência no cinema, leia nosso texto sobre as estratégias da Disney.

A Inovação é a estratégia da Sony para se manter no topo

Essas movimentações ousadas só provaram algo que a Sony sabia há muito tempo: inovar é a chave de um sucesso duradouro. A empresa enfrentou competições acirradas contra suas concorrentes e até mesmo contra a política de alguns países. 

Isso fez com que eles precisassem inovar para se manter à frente. Desde o VHS até Walkman, a empresa percebeu que um produto de sucesso tem uma vida útil limitada para o público. É preciso estar sempre produzindo produtos novos, uma vez que a demanda dos consumidores por novidade nunca irá cessar. 

Sendo assim, inovar é a única maneira de permanecer no topo por tanto tempo. E nenhuma empresa entende disso tão bem quanto a Sony. 

A diversificação como principal estratégia da Sony 

Ao final dos anos 80, as coisas estavam ótimas para a Sony. A empresa havia se expandido para novos mercados e tinha muita força no mercado da música. Além disso, o seu departamento de pesquisa e produção era o melhor e mais inovador do mundo. 

A Sony registrou um lucro recorde de $384 milhões em 1990. Isso foi um aumento de 35% em relação ao ano anterior. Porém, como em todo negócio, existem ciclos seguidos por fases ruins. A recessão do começo dos anos 90 foi um momento desafiador para a Sony. 

Apesar disso, como a empresa japonesa lidou com isso é digno de inspiração. Vamos entender um pouco melhor. 

Como a Sony revolucionou o mundo dos games 

A Sony decidiu adentrar no mundo dos games no final dos anos 80. Para isso, eles convocaram a gigante Nintendo para uma parceria. Porém, a compatriota japonesa recuou em 1992 e a parceria acabou não dando resultados. Sendo assim, a Sony se viu sozinha em um novo mercado. 

Isso fez com que a Sony recuasse? Jamais. A empresa continuou trabalhando na produção do seu novo console e apesar dois anos depois, o Sony PlayStation foi lançado no mercado japonês. 

O sucesso foi imediato e o console vendeu mais de 100 mil unidades no primeiro dia. Ao final dos 6 primeiros meses, já eram mais de 2 milhões de unidades vendidas. O risco havia dado resultados e a Sony provou que não precisava da Nintendo para ser uma potência no mercado dos games. 

O Playstation foi lançado nos Estados Unidos um ano depois e as vendas continuaram subindo. A Sony havia revolucionado o mundo dos games e o resto do planeta estava prestes a descobrir.

Apesar do falecimento de Morita em 1999, a inovação não parou na empresa. 

Em 2000, o Playstation 2 foi lançado, se tornando um dos videogames mais vendidos da história. 

Até os dias atuais, o produto vendeu mais de 158 milhões de unidades e continua trazendo novas variações. Atualmente, o Playstation 5 está no mercado e hoje é impossível pensar em games sem pensar na Sony. 

A estratégia da Sony para entrar no mercado mobile 

O próximo passo na evolução da Sony foi a entrada no mercado dos celulares em 2001. A empresa trabalhou a quatro mãos com a Ericsson, em uma parceria 50-50. A parceria foi batizada de Sony Ericsson

O primeiro produto foi o celular chamado T65, de design arredondado. O produto foi bem recebido pelo público ao redor do mundo. 

Em 2012, a empresa foi comprada e renomeada para Sony Mobile Communications. Dessa vez, a empresa estava competindo no mercado de smartphones com o Sony Xperia

Quantidade de smartphones Sony Xperia importados no mundo entre 2016 e 2020. Valores em milhões. 

Dito isso, a impressão foi de que talvez o mercado mobile não fosse para a Sony. Com as vendas decadentes e praticamente nenhuma presença de mercado atualmente, o que começou bom, como Sony Ericsson, se tornou um fracasso no futuro. 

A entrada da Sony no mercado financeiro 

Em 2001, a Sony tomou uma decisão inesperada. Criaram o Sony Bank. A ideia de entrar no mercado financeiro vem desde 1950, quando Morita visitou Chicago. 

O inventor ficou impressionado com a magnitude dos bancos americanos e não entendeu como empresas de seguros e institutos financeiros conseguiam construir coisas daquela magnitude. E naquele momento, ele decidiu que a Sony iria para o mercado financeiro algum dia. 

Apesar do desejo de Morita só ter se realizado após a sua morte, o Sony Bank foi criado como um banco online. Com o intuito de facilitar depósitos e troca de câmbio, o banco continua sendo uma boa fonte de renda para a empresa. 

Como a Sony criou a primeira TV de OLED do mundo. 

Mantendo a tradição de inovação, a Sony criou a primeira TV de LED do mundo em 2007. Ela foi batizada XEL-1

Essa foi uma das televisões mais finas de todos os tempos. Com uma qualidade de imagem impressionante e consumindo menos energia, a XEL-1 foi um sucesso. 

O produto recebeu muitas críticas positivas ao redor do mundo e foi vendido ao redor do mundo. Alguns anos depois, a Sony criou a sua TV de ultra definição, conhecida como 4K. A qualidade de imagem foi um marco e até hoje é vista como o melhor produto da área. 

A Sony ensinou uma lição muito importante: corra riscos. A experiência da empresa em se tornar um conglomerado ensinou que a diversificação pode ser um ótimo caminho para o sucesso.

Apesar de ter começado a sua jornada com eletrônicos, a Sony expandiu seus horizontes e se aventurou no mundo dos games, mercado financeiro, celulares e televisões. Além disso, a empresa se tornou uma potência no cinema e na música

Dito isso, apesar de ter tomado algumas decisões arriscadas, a maioria se pagaram. O Playstation é a maior delas, uma vez que ele é o principal produto da Sony na atualidade

As estratégias da Sony na atualidade 

Durante a sua jornada de expansão de sete décadas, a Sony enfrentou uma generosa parcela de desafios e contratempos. Desde a sua panela de cozinhar arroz até a Sony Ericsson. Apesar disso, a companhia sempre foi capaz de encontrar soluções. 

É por isso que, até hoje, a Sony permanece como um dos conglomerados de maior sucesso do mundo. Para isso, a empresa continuou se reinventando para atender as necessidades do público. A Sony se tornou uma companhia que faz o mundo avançar com ela

O propósito da empresa é “encher o mundo de emoção através do poder da criatividade e inovação”. Isso fica evidente com o modelo de negócios seguido pela marca, que se concentra ao redor do seu consumidor para ajudá-lo. E por consequência, cria uma conexão impressionante com aqueles que amam seus produtos

O digital como nova estratégia da Sony 

Durante a pandemia de COVID-19, a Sony viu um crescimento nas suas receitas, apoiado muito pelo lançamento do PlayStation 5. O mercado de entretenimento da empresa também teve papel fundamental nesse momento próspero. 

Percebendo isso, a Sony tem modificado o seu foco. Ao invés de eletrônicos, a empresa tem focado em entretenimento e nos games

Os lucros da divisão de games e network da Sony entre 1995 e 2021. Valores em milhões de ienes. 

Além disso, por ter uma vasta experiência e prestígio em ambas as áreas, a companhia está pronta para focar a maioria dos seus esforços e fundos nesses setores. 

A Sony compra o Crunchyroll e entra no mundo dos animes

Recentemente, a Sony anunciou a compra da plataforma de anime Crunchyroll por $1,175 bilhões de dólares. Apesar de parecer um investimento muito alto, isso fez com que a empresa ganhasse acesso a uma plataforma com mais de 120 milhões de usuários e que está em mais de 200 países

Gráfico que mostra como a estratégia da Sony passa pelo mercado de animes
Previsão do valor do mercado de animes entre 2020 e 2030. Valor em bilhões de dólares.

Mas os investimentos não param por aí: a Sony já firmou parcerias com outras gigantes do streaming como Netflix e Disney Plus para licenciar os filmes do Homem Aranha. 

Como a Sony vê o futuro de forma estratégica

As boas empresas levam ótimos conteúdos para o hoje dos seus clientes. Mas as grandes empresas têm a capacidade de olhar além do hoje. E dessa forma, conseguem entender o futuro que lhes espera. 

Sendo assim, empresas como a Sony, se mantém à frente da concorrência. Se um negócio quer ser uma marca de sucesso no futuro, precisa visualizar esse futuro e montar uma estratégia para enfrentá-lo de frente. 

A Sony entendeu que o mundo está mudando e que as pessoas consomem entretenimento através do digital. Assim, com os fundos e plataformas que possui, a empresa está capacitada para fornecer conteúdos via streaming e transformar a indústria dos games mais uma vez. 

Estratégias como as da Sony para o seu negócio 

Ao longo da sua história, a Sony vem encontrando maneiras de se manter relevante. A principal delas foi através da inovação constante. Desde o início, os fundadores da empresa entenderam a importância de pensar no próximo produto enquanto o atual está fazendo sucesso. 

Entender o momento do seu negócio é fundamental. Poucas empresas entenderam isso tão bem quanto a Sony. A companhia sempre soube o momento de arriscar e mesmo lidando com alguns fracassos, eles nunca desistiram. 

Para melhor entender o momento do seu negócio, uma assessoria de marketing é fundamental. Dessa forma, a V4 Company, maior assessoria de marketing digital do Brasil, desenvolveu o método V4. 

Ele foi feito para empresas que buscam destaque no digital. Mas que não possuem um time especializado em marketing. 

O método conta com 4 pilares: tráfego, engajamento, conversão e retenção. Dessa forma é possível metrificar e entender o momento da empresa, além de definir quais as melhores estratégias para o seu negócio. 

Quer conhecer mais sobre a V4 Company? Então assista o vídeo abaixo:

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