Antônio Gargioni
30 de maio de 2023
Walt Disney mudou o mundo com suas animações. E o seu legado criou a maior empresa da história do entretenimento. Conheça a estratégia da Disney para se tornar a referência que é hoje.
Walt Disney nasceu em Chicago em 1901 e desenvolveu o seu interesse pelos desenhos muito cedo. Aos 4 anos, ele se mudou para uma fazenda, onde foi exposto à natureza, animais e a vida de uma pequena cidade. Isso fez com que a sua imaginação disparasse e pudesse expandir sem as limitações que uma cidade grande pode oferecer.
Aos 7 anos, ele começou a vender seus primeiros desenhos. Devido a problemas financeiros da família, dois anos depois, ele começou a ajudar seu pai a distribuir jornais. Entretanto, ele continuou desenvolvendo suas habilidades de desenho e sua arte.
Com 18 anos, Walt teve o seu primeiro encontro com a animação no Pesman Art Studio. Lá, ele conheceu um artista chamado Ub Iwerks. Walt e Ub acabariam fracassando na sua tentativa de criar seu próprio negócio e mais tarde, Disney fundou outra empresa, um estúdio de filmagem, onde ele contratou Iwerks, entre outros, como animadores.
Em 1923, Walt precisou declarar falência devido aos altos custos de produção. Foi o seu segundo fracasso empresarial. Mesmo assim, isso não fez com que ele não fosse notado. Em 16 de outubro de 1923, Walt Disney e seu irmão mais velho Roy criaram a Disney Brothers Cartoon Studio Essa empresa estava destinada a se tornar o colosso que hoje conhecemos como The Walt Disney Company.
A primeira produção do Disney Brothers Cartoon Studio veio no ano da sua fundação. Era uma série chamada Alice Comedies (algo como “Comédias da Alice”), que misturava motion picture de fotografia com animação. Foi a primeira de várias produções nesse estilo feitas pelo estúdio.
Walt trabalhou na série até 1927 com seu amigo e parceiro Ub, produzindo mais de 50 filmes. Sua próxima criação Oswalt The Lucky Rabbit, foi produzida pela Universal Studios e foi um sucesso absoluto.
Entretanto, durante as negociações, Disney percebeu que se colocou em uma situação complicada: ele entregou todos os direitos sobre Oswalt quando assinou o contrato e perdeu todos os seus animadores para a Universal, com a exceção do seu fiel parceiro Iwerks.
Ao lado de Iwerks, Walt criou seu personagem mais famoso. Mickey Mouse nasceu como uma resposta à Oswalt, que agora pertencia a Universal. Assim, o personagem tornou-se sinonimo da marca e conquistou o imaginário de milhões de fãs ao redor do mundo. Quem pensava em Disney, pensava em Mickey Mouse.
A visão e pioneirismo de Walt ficaram ainda mais claros em 1937 com a estreia de seu primeiro filme animado completo. A Branca de Neve e os Sete Anões, que demorou 3 anos para ficar pronto. Apesar de ter sido revolucionário, foi um grande risco para a empresa, agora chamada de “Walt Disney Productions”. Além de ter excedido 4 vezes o orçamento inicial, o filme contava com mais de 300 pessoas trabalhando nele.
Na sua estreia, o filme foi bem recebido pela crítica, público e publicações. Isso garantiu a Walt um Oscar honorário. No lado financeiro, o filme não só se pagou como gerou lucro suficiente para que Walt comprasse um novo estúdio em Burbank, na Califórnia. A sede da empresa está lá até hoje.
Walt Disney tinha uma visão clara: ele queria que todos pudessem compartilhar a alegria que ele sentiu vivendo em uma fazendo quando criança. E com isso em mente, Walt vendeu as suas ações na empresa, que até então era um sucesso.
Além disso, vendeu todas as suas propriedades e pegou empréstimos milionários para conseguir transformar a sua visão em realidade. Essa coragem de perseguir seus sonhos foi o maior legado deixado por Walt e continua na Disney até hoje.
A Disneylândia, maior conquista de Walt, abriu as portas em 1955. Era um parque temático como nenhum outro. Ao contrário dos outros parques, a Disneylândia era um lugar seguro. Limpa e longe do caos urbano. Além disso, o parque possui uma história que guiava a experiência imersiva de visita para crianças e adultos.
Nas palavras de Walt: “Aqui, você deixa o hoje e entra no mundo de ontem, amanhã e fantasia”. O parque faturou 10 milhões de dólares e mais de 3,6 milhões de visitantes no seu primeiro ano. Antes do seu falecimento, em 1966, Walt começou a desenvolver o segundo parque, chamado de Walt Disney World. Porém, ele não conseguiu ver a inauguração em vida.
Walt Disney detém o recorde de mais conquistas individuais no Oscar, com 22 prêmios. Além disso, junto de seu irmão Roy, Walt ajudou a estabelecer o Instituto de Artes da Califórnia em 1961.
O sucesso geracional e internacional da Disney não é por acaso. A visão apurada e espírito inquieto do seu criador garantiram que ele tomasse inúmeros riscos ao longo da sua carreira.
Esses riscos moldaram a indústria do entretenimento como conhecemos hoje.
Acima de tudo, apesar das inúmeras falhas e fracassos, a chama interna de Walt nunca apagou.
Afinal, suas suas maiores conquistas vieram depois dos seus maiores fracassos e Disney nunca sacrificou a sua liberdade para perseguir um futuro mais fácil ou confortável. Assim, mesmo tendo cometido muitos erros, ele continuou espalhando a sua visão pelo mundo, levando magia, alegria e experiências únicas para as pessoas.
A Walt Disney Company não chegou ao seu tamanho atual em uma noite. Ou seja, desde a inauguração da Disneylândia, em 1955, a empresa realizou inúmeras movimentações estratégicas para expandir seus parques e resorts com seus serviços e assets. Dentre outras, algumas das principais estratégias foi a aquisição de meios de distribuição, obtendo canais de mídia, aumentando seus canais e diversificando as suas atividades.
Apesar de ter lançado inúmeros filmes, programas e conteúdos televisivos, a Disney sempre fez isso em canais de terceiros. Canais já estabelecidos no cenário americano e mundial.
Entretanto, em 1983, a empresa lançou o primeiro canal de televisão e o usou para distribuir seus conteúdos, além de promover as próprias atividades e eventos, como a inauguração dos seus parques temáticos.
Como visto, a Disney direcionou seus focos para a criação de um canal próprio em 1983. Pouco depois, a empresa expandiu o seu alcance, lançando canais em Taiwan, no Reino Unido e Malásia.
Havia um motivo específico para isso. Uma vez que tivesse cativado os fãs desses países, poderia divulgar e lucrar com os parques que seriam inaugurados nesses lugares.
A Disney soube muito bem como espalhar a sua influência para construir um império nos mais diferentes segmentos. Dito isso, mesmo com os parques sendo extremamente lucrativos, eles nunca tiraram o lugar que a mídia ocupa como principal fonte de receita da empresa.
Apesar do sucesso da empresa, o falecimento de Walt, em 1966, foi um baque do qual a Disney não se recuperou tão rápido. Principalmente na área criativa. Os filmes já não cativaram o público como anteriormente e a falta de personagens memoráveis começou a afetar até mesmo os parques temáticos.
Os parques da Disney utilizaram fortemente a população local para se manterem abertos. Entretanto, para atrair essa população, que visita o parque com frequência, mudanças pontuais são necessárias para manter o público interessado. A falta de grandes filmes ou personagens permitiu apenas algumas mudanças nos parques desde 1964.
Dessa forma, algumas das mais extraordinárias mudanças e expansões aconteceram durante a primeira década do mandato de Michael Eisner como CEO da Walt Disney Company. Mandato esse que durou 21 anos (1984-2005).
Como líder da companhia, ele foi ousado e calculista, realizando movimentos estratégicos que expandiram a Disney para mercados internacionais e mantiveram a empresa viva durante momentos difíceis.
Eisner foi bastante agressivo na expansão dos parques, adicionando novos resorts e adotando uma prática de taxação mais lucrativa. Ele discordava com a noção de que quando Walt faleceu, levou com ele o espírito da Disney. E por consequência, levou junto a capacidade da empresa de criar novos e memoráveis filmes.
Com isso, Michael colocou um foco considerável em criar novas animações de qualidade. E obteve sucesso no seu objetivo. Ele produziu filmes como A Pequena Sereia, A Bela e a Fera e O Rei Leão.
Esses filmes formaram o que depois seria chamado de “período renascentista” da Disney. Agora, Eisner estava munido de novos e cativantes personagens para promover dentro dos parques da Disney.
Entretanto, ele não parou por aí. Afinal, Eisner queria ativar todos os assets da Disney e torná-los mais lucrativos. O Disney Channel ganhou novas produções, buscando o mercado do “sábado de manhã”, com foco em produções mais baratas. Eisner colaborou com grandes nomes da indústria do cinema para produzir, atuar e cantar nas novas produções.
Todos os sucessos citados acima foram o combustível para grandes expansões nos parques temáticos. Isso fez com que o lucro com produtos físicos subisse consideravelmente.
Dessa forma, a Disney começou a tomar decisões focadas no consumidor e com isso, criou uma experiência única e memorável para seus clientes. Além disso, isso fez com a empresa praticamente dobrasse o número de lojas e até introduzisse a sua primeira fora dos Estados Unidos, localizada em Londres.
O medo inicial de que as novas lojas iriam competir com lojas que já vendiam produtos licenciados da Disney foi rapidamente vencido. Ao invés de jogar os lucros para baixo, as novas lojas aumentaram consideravelmente as vendas de produtos relacionados com a marca. Tanto nos estabelecimentos próprios da Disney quanto em lojas parceiras.
Em 1996, um novo e revolucionário produto foi lançado pela Walt Disney Company, a Disney Cruise Line. Um cruzeiro com uma experiência que remetia ao luxo de uma época já desaparecida, mas com toques e atrações modernas.
Os primeiros dois navios, “Disney Magic” e “Disney Wonder” estão ativos até hoje. E não se engane, eles ainda são capazes de gerar a mesma magia e encantamento que os tornaram famosos 27 anos atrás.
Apesar de extremamente lucrativos, esses movimentos não chegaram perto do mais valioso deles. A aquisição da Capital Cities/ABC Inc. em 1996. Comprar uma network da TV estava nos planos de Eisner por anos. E mesmo que algumas outras companhias de TV tenham sido consideradas, as conversas com a ABC se iniciaram muitos anos antes da aquisição.
Com esse movimento, a Disney aumentou de forma colossal o seu poder de distribuição. A empresa se tornou a primeira com presença significativa na indústria do cinema, televisão (a cabo ou não) e linhas telefônicas. Esse movimento se provou salvador na próxima década.
Apesar de todo o sucesso na década de 80, o final dos anos 90 e os anos 2000 não foram bons para a Disney. A expansão teve um custo alto para a empresa: todas as produções do “período renascentista” excederam o orçamento inicial.
A Disneylândia de Paris custou milhões de vezes mais do que seu orçamento original e demorou anos para se tornar lucrativa. Sua abertura foi decepcionante. Decisões-chave em relação à cultura europeia e projeções ambiciosas demais quase fecharam as portas do parque para sempre.
Do lado criativo da moeda, a Disney se distanciou do caminho original e do seu público alvo. A produção de filmes e músicas que foram consideradas inapropriadas para famílias e crianças foi um golpe forte na reputação da empresa.
Na sua incansável busca pela dominação do mercado internacional, a Disney cometeu inúmeros erros baseados em arrogância. A empresa acabou se envolvendo em inúmeros casos polêmicos, danificando a imagem da marca.
Mas as feridas também eram internas. Dentro da empresa, pessoas começaram a sentir que o tratamento dado pela Disney era injusto. A estrutura hierárquica se tornou tão rígida que nenhuma grande ideia original pôde se desenvolver.
Isso tudo ensinou à Disney uma grande lição: crescer rápido demais, por muitas vezes, não é sustentável. Anos depois do falecimento de Walt, a empresa passou por maus bocados.
Apesar disso, a liderança estava determinada em subir uma nova montanha, mais alta do que qualquer sucesso das épocas anteriores. Perseguir novos recordes é um movimento admirável e pode levar a grandes inovações.
A Disney revolucionou a indústria da animação mais de uma vez durante esse período. Dito isso, o preço do sucesso, às vezes, é alto demais. Para chegar ao topo, a empresa sacrificou sua tão aclamada cultura, se distanciando do seu público fiel.
Além disso, passou a não valorizar as pessoas de dentro da empresa, que até então, eram quem fazia tudo acontecer. Esses não são movimentos sustentáveis a médio ou longo prazo. É preciso haver um balanço entre os objetivos e seus impactos, que são duradouros.
Leia nosso texto sobre Bigger and Better e entenda melhor sobre como equilibrar os objetivos e seu impacto.
Bob Iger trabalhava na Disney desde 1996 antes de se tornar CEO. Ele era bastante familiarizado com a história da empresa. Iger reconheceu que a performance da empresa estava atrelada a sua capacidade de produzir grandes animações.
Entre as décadas de 20 e 40, o sucesso veio de filmes como A Branca de Neve e os Sete Anões, Pinocchio, Dumbo e vários outros grandes filmes criados pela Disney. Assim, até mesmo durante a década de 80, Michael Eisner recolocou a empresa nos trilhos com animações de muito sucesso como Aladdin e O Rei Leão. Esses filmes recolocaram a Disney no topo quando o assunto era animação.
Contudo, quando o mandato de Bob Iger se iniciou em 2006, ele entendeu que as animações da empresa estavam rendendo pouco e haviam estado assim por pelo menos uma década. Iger percebeu que o futuro da Walt Disney Company estava atrelado à habilidade de produzir novos e bons filmes animados.
Bob Iger ascendeu ao topo da Disney com 3 prioridades. Vamos entender um pouco melhor sobre cada uma delas.
A primeira delas era a criação de um conteúdo excepcional para a marca. Na sua concepção, como as pessoas viam a marca iria guias as escolhas delas em relação a Disney. Então Iger decidiu investir boa parte do capital da empresa nisso.
Cuidar da imagem da marca é essencial para qualquer empresa. As pessoas são sentimentais e as suas escolhas de compra e consumo passam por esses sentimentos. Uma marca que evoca sentimentos positivos tende a vender mais em decorrencia disso.
A segunda prioridade era utilizar os avanços tecnológicos da época para criar conteúdo de qualidade. E por consequência, se manter relevante através sua distribuição. Iger percebeu que os comportamentos dos consumidores estavam mudando e que era imprescindível investir na tecnologia para acompanhar essas mudanças.
A tecnologia pode ser uma grande aliada para qualquer empreendedor que entenda como usá-la. Ou que possua uma equipe competente para isso. A saúde de uma empresa a médio e longo prazo está atrelada ao quanto ela é capaz de se adaptar e aprender sobre o momento em que está inserida.
Por último, mas não menos importante, a terceira prioridade era a expansão internacional. A Disney era uma marca conhecida mundialmente, mas com pouco poder de influência sobre seus consumidores.
China e Índia, por exemplo, tendo as duas maiores populações do mundo, não eram vistas como prioridades até então. Bob via, nesses dois países, grandes oportunidades e acreditava que a Disney deveria aproveitá-las.
Por fim, as ideias de Bob Iger de rejuvenescer a marca e o setor de animação estavam completamente alinhadas com as suas prioridades estratégicas. A necessidade de uma solução para a estagnação criativa da empresa era gritante.
Um plano estratégico é essencial para guiar as decisões da empresa. Saber para onde se quer ir e como fazer isso pode ser a diferença entre o crescimento e a falência. E acima de tudo, é preciso sempre lembrar de onde você veio e qual caminho seguiu até aqui.
Iger percebeu rapidamente que para reinventar o setor de animação, ele precisaria contar com os mais talentosos e inovadores animadores disponíveis. E eles estavam todos no mesmo lugar.
Sendo assim, ele direcionou os seus olhares para a Pixar, líder em animações na época. E no seu segundo dia como CEO da Disney, apresentou uma radical e, como o tempo provou, genial ideia: a compra da Pixar.
O primeiro e maior desafio para que a ideia de Iger se tornasse realidade era a visão negativa que o principal investidor da Pixar tinha em relação à Disney. Esse investidor não era ninguém menos do que Steve Jobs.
A Pixar já fez parcerias com a Disney. Muitos dos projetos da Pixar eram produzidos, financiados e distribuídos em parcerias com a Disney. Entretanto, essa parceria teve um final abrupto em 2004, quando Steve Jobs concluiu que a Disney havia se tornado muito burocrática e pouco colaborativa.
Como todas as mentes criativas estavam localizadas na Pixar, Steve Jobs tinha todo o controle da negociação. Porém, de forma inesperada, quando Iger dividiu a sua ideia com Jobs, ela foi recebida de forma positiva.
Quando as discussões de fato começaram, Steve Jobs compartilhou a sua principal preocupação: a Disney iria destruir a cultura da Pixar. O CEO da Apple acreditava que a criatividade e inovação que existiam na Pixar eram fruto da cultura colaborativa da empresa.
O objetivo de Jobs, nas negociações iniciais, era proteger a cultura da Pixar daquilo que ele via como uma cultura estéril e destrutiva vinda da Disney. A Pixar estava trazendo tantas inovações e originalidade que tudo parecia um risco.
Imagine tentar vender a ideia de um filme sobre um peixe-palhaço que se perde do pai e esse pai se alia a um peixe com problemas de memória para procurar o filho. Não parece tão apelativo, certo? Bom, essa ideia virou Procurando Nemo, um dos maiores sucessos da Pixar.
Basicamente, ninguém sabia se o próximo filme da Pixar seria um sucesso absoluto ou um fracasso colossal. Isso tornava a compra da empresa um movimento extremamente arriscado.
A Disney era conservadora e Jobs temia que isso fizesse com que a empresa não quisesse correr riscos. E por consequência, afetasse as ideias criativas e inovadoras que sairiam de dentro da Pixar.
Por outro lado, a Disney estava desesperada por novas ideias. Eram necessárias pessoas corajosas o suficiente para correr riscos e a tecnologia para transformar as ideias em realidade. A Disney precisava revitalizar o seu setor de animação e as melhores pessoas para isso eram os líderes visionários da Pixar: John Lasseter e Ed Catmull.
Bob Iger teve uma trajetória de carreira diferente dos demais. Duas vezes durante a sua carreira, Iger esteve em empresas compradas por outra. A primeira vez foi quando estava na ABC, que foi adquirida pela Capital Cities. E depois quando a ABC/Capital Cities foi comprada pela Disney.
O seu entendimento de como uma aquisição modifica a cultura da empresa foi essencial para convencer Steve Jobs, com ele tinha uma boa relação, de que a Disney não iria modificar a cultura da Pixar. E Iger manteve a sua palavra.
Em 24 de janeiro de 2006, a Walt Disney Company comprou o Pixar Animation Studios por 7,4 bilhões de dólares. Ao mesmo tempo, isso permitiu que a Pixar criasse grandes filmes enquanto rejuvenescia a Disney de dentro para fora. Desde então, a Pixar faturou mais de 11 bilhões de dólares em bilheteria ao redor do mundo e muito mais fornecendo novas atrações para os parques temáticos da Disney ao redor do mundo.
Essa parceria ensinou uma importante lição: ideias radicais precisam de respeito e apoio para funcionarem. A Pixar ensinou que qualquer inovação precisa de mais do que determinação e trabalho duro para funcionarem.
Bob Iger tinha um plano estratégico determinado quando virou CEO, mas também teve a empatia e o respeito pela cultura única da Pixar. Sendo assim, ele soube reconhecer o valor da Pixar e a forma de colaborar dos seus funcionários.
A sinceridade e abertura que Jobs e Iger tiveram um com o outro permitiram que a imersão das duas empresas fosse possível. E com isso, uma conseguiu alavancar as qualidades uma da outra, enquanto mitigavam suas vulnerabilidades.
A visão da Disney é se tornar a líder na criação de conteúdo para famílias. A empresa promete aos seus consumidores uma experiência mágica e divertida, que todos na família podem aproveitar. Nas próprias palavras de Walt Disney: “Eu não faço filmes para crianças. Faço filmes para as crianças que vivem dentro de todos nós. Tenha ela 6 ou 60 anos.”
Sendo assim, quando a ideia de adquirir a Marvel caiu no colo da Disney, uma pergunta surgiu: isso irá beneficiar a Walt Disney Company? Isso era uma pergunta difícil e antes de Bob Iger, a resposta seria não.
Porém, Bob pensava diferente. Ele acreditava que a Marvel poderia adicionar muito valor na frente de conteúdo. Apesar de hoje, isso parecer senso comum, devido ao sucesso da parceria, na época, essa certeza não existia.
As oportunidades de contar novas histórias que a imersão da Marvel geraram forma de uma proporção nunca vista antes. Como resultado, o catálogo de mais de 5 mil personagens da Marvel se provou um tesouro para a Disney.
O sucesso de filmes como Capitã Marvel e Pantera Negra não mostraram apenas que havia um público sedento por filmes de heróis com protagonistas mulheres ou negros. Mas mostraram também que quando bem feitos, esses filmes poderiam ser incrivelmente lucrativos.
A Disney é associada com alegria e diversão. Conflito existe nas histórias da Disney, mas a violência é algo que apenas vilões fazem e de forma controlada. Já na Marvel, a violência é comum, uma vez que as histórias são centradas ao redor de heróis e vilões.
Isso poderia facilmente prejudicar a imagem da Disney, caso se associasse a um tema violento, tão comuns nas histórias da Marvel. Mas quando olhou mais a fundo, Iger percebeu que as duas empresas dividiam muitos atributos na forma de contar histórias.
Se fossem bem trabalhadas, poderiam coexistir e aprender uma com a outra. Isso significava que a Disney não deveria tentar “limpar” a Marvel. Por outro lado, os temas polêmicos da Marvel não deveriam modificar a Disney ou levar a empresa para um caminho mais controverso.
Apesar de todos os riscos envolvidos, em 31 de dezembro de 2009, a Walt Disney Company adquiriu a Marvel Comics por 4 bilhões de dólares. E por consequência, revolucionou a indústria do cinema para sempre e criou uma nova experiência Disney.
A Disney investe muito dinheiro em marketing e propaganda. E apesar de oferecer experiências para toda a família, não faz seu marketing focado para toda a família ao mesmo tempo. A empresa segmenta seu público e utiliza táticas diferentes.
Por exemplo, eles anunciam novas atrações nos seus parques para as crianças, gerando demanda (e pressão nos pais). E, ao mesmo tempo, promove promoções por tempo limitado para criar um senso de urgência nos pais.
A Disney possui um grande arsenal de mídias e canais para anunciar seus produtos. Desde contas nas redes sociais, com milhares de seguidores, até canais de televisão e rádio.
Decisões estratégicas são tomadas para escolher qual tipo de conteúdo vai para qual canal, dependendo do público que se busca atingir e do sentimento que se deseja despertar. Após entender isso, é preciso investir nas decisões tomadas. A Disney aumentou seus gastos nos últimos anos, uma vez que o sucesso da Marvel e a aquisição da Fox fizeram com que os custos da companhia subissem desde 2019.
Na última década, a Disney começou a capitalizar com nostalgia. A empresa percebeu que aqueles fãs que se apaixonaram pela magia dos filmes quando criança, são adultos hoje.
Muitos são pais hoje em dia e são atingidos pelos mesmos sentimentos que os encararam na infância enquanto assistem os novos filmes com seus filhos. E querem que esses filhos tenham esse mesmo sentimento.
Através dos anos, a Disney investiu nisso, transformando muitas das suas adoradas animações em filmes live-action que focam muito mais nos pais do que nas crianças. A tecnologia atual permite que filmes extremamente realistas deem vida aos personagens clássicos que conquistaram os corações de milhões nas décadas anteriores.
Recontar histórias antigas e transformá-las em sucessos monumentais é uma das receitas mágicas da Disney. E ainda existem muitas histórias para serem contadas.
A Disney possui uma presença digital enorme. São inúmeras as marcas associadas à empresa e o número de seguidores entre todas elas ultrapassa as centenas de milhões.
Esses números tornam o marketing digital da Disney um asset valioso para a empresa. E por consequência, para suas campanhas de marketing. Apesar disso, o verdadeiro valor dessa presença está na experiência dos seus fãs.
As pessoas amam divulgar seus momentos, descobertas e experiências nas redes sociais. É extremamente comum encontrar fotos com a #disney em todas as redes. E a grande maioria dessas hashtags foi gerada de forma orgânica, pelos fãs da marca.
A Disney entende o tamanho da sua presença e incentiva que os fãs interajam e enganem o máximo possível com a marca. Não é incomum existirem parcerias entre celebridades entre a Disney para promover eventos e produtos. Ou simplesmente para gerar engajamento.
Desde a sua criação até os dias atuais, a Disney se reinventou muitas vezes. Para isso, precisou entender seu momento e aceitar a situação. Isso requer uma análise detalhada e baseada em dados.
Com as diferentes décadas, vieram diferentes desafios que exigiram novas soluções. A Disney precisou de lideranças fortes e com visão para inovação. Além disso, um planejamento estratégico foi essencial.
O uso consciente e calculado de estratégias de marketing (tanto offline quanto o marketing digital) é fundamental para o crescimento de qualquer negócio.
Para que o seu negócio tenha sucesso no marketing digital, um time especializado será necessário. Esse time pode ser interno, com um setor dentro da empresa, ou externo, com agências e assessorias de marketing. Dito isso, é essencial saber avaliar o momento da empresa e quais estratégias fazem sentido para esse momento.
Dessa forma, a V4 Company, maior assessoria de marketing digital do Brasil, desenvolveu o método V4. Ele foi pensado para empresas que buscam destaque no digital e não possuem um time especializado em marketing.
O método é baseado em 4 pilares: tráfego, engajamento, conversão e retenção. Dessa forma é possível metrificar e entender o momento da empresa, além de definir quais as melhores estratégias para o seu negócio.
Quer conhecer mais sobre a V4 Company? Então assista o vídeo abaixo: